domingo, 25 de maio de 2008

aponte

ainda no último domingo, a inoportunidade começou com a tal da ponte, na verdade. como é que se pode achar uma coisa daquelas bonita?a última coisa que alguém pode dizer depois de olhar praquilo é "bonito isso". Estranho, perverso, peçonhento e cancerígeno, tô com o delija e não abro. depois neguinho se surpreende em descobrir que a cidade vai parar no meio de tanto trânsito, que é o produto mais coletivo que essa cidade produz. se no Rio a praia fica cheia num fim de tarde luminoso e no Recife as ruas aglomeram as multidões cotidiana e usualmente, o negócio da turma aqui é trânsito. aquele mar de luzinhas vermelhas e brancas no vale do itororó, isso é que é bonito.
bonito pra quem? pra quem passa de carro no meio daqueles fiozinhos todos? ou pra quem pára de carro no meio daqueles fiozinhos todos e sente a coisa balançando... não duvido que o sujeito ali da favela mais próxima (e bota próxima) ache bonito. afinal de contas, esse fato da ponte pode significar que ele receba um troco, bem menos do que quanto custa cada um daqueles fiozinhos pra arrastar-se junto com a "crosta de mucambos" (como diria o josué) pra longe dali (como mostrou a fix).
parece que toda cidade global agora tem de ter ponte estaiada pra ser levada a sério. macaquice dos diabos. pregador de roupas que expressa bem o que essa cidade é e sempre foi. uma encruzilhada de caminhos de pessoas e famílias que vem pra cá em algum momento de suas histórias com algum objetivo fixo, que seja "melhorar de vida", sei lá o que é isso. o paulo prado deve ter assobiado uma interpretação bem articulada da história da cidade no ouvido do le corbusier pro cara se sair assim com aquele projeto-viaduto- edifícios em cruz pra são paulo... e o dele todo mundo achou um absurdo, ficaram ofendidíssimos. agora a ponte acham bonito, ninguém se ofende (tirando o delija, eu e mais uma meia dúzia)... aquilo é um monumento pro|do trânsito, espetacularização de uma pseudo ousadia estrutural inadequada, malabarismo desnecessário para um vãozinho mixuruca, pastiche de golden-gate calatrava degenerado...
o nome da ponte acabou saindo adequado, O. Frias, que acumulou seu rico dinheirinho promovendo jóias da arquitetura moderna como o copan e o montreal vendendo kitchenette pra classe média investir e montou o mega império das comunicações da folha com o trocado batizando o império do Marinho transmitindo ao vivo diretamente de sp pra você. tudo a ver.
agora, achar bonito e pronto é o fim da picada.



3 comentários:

Anónimo disse...

e nota:
na "Super-Ponte X" só passa automóvel de particular. Não passa moto (proibida), não passa bicicleta (proibida), não passa caminhão nem busão, porque a "Super-Ponte X" não agüenta o tranco!
é brincadeira?
né não, ela parece forte mas é fraquinha. Serve pra EcoSport e o Pajero desfilarem de vidro fumê.
güenta.

Carol Kaphan Zullo disse...

óia só, diêgo, http://www.ciclobr.com.br/diasemcarro/noticias30.asp mais umas pessoas com várias opiniões semelhantes sobre a tal obra.
beijo!
ck

Diego BIS disse...

olha lá, o óbvio ululante, a consequência cuidadosamente premeditada...

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/05/22/ult5772u4049.jhtm