domingo, 14 de dezembro de 2008

comunitarism ou fats waller sez 'be kind rewind'!

uma das coisas divertidas do tal Be kind rewind que vimos ontem é o espírito comunitário do bairro reunido em torno de uma videolocadora. tem tudo a ver com kindness, que na tradução,  por favor, pra variar, perde um tanto do sentido. mas tem a ver também com a história do seu próprio quarteirão, que é um outro assunto. o mito, fats waller www.lastfm.com.br/fats+waller ,  incrível pianista de jazz, gênio loucão do boogie woogie,  brilhantemente interpretado pelo rapper mos def, funda a história de um território.

isso é só pra introduzir a 'nova fase livre' do blog, retomado a partir do momento em que a audiência pediu. donamargot.blogspot.com  .havia eu esquecido de introduzir a nova regra. interativo que só, só escrevo outro texto quando houver alguma manifestação, via post, comentário (virtual ou ao vivo), email ou sms. política de paridade, tática de guerrilha, mano a mano.

já tem um segundo capítulo sobre el comunitarismo intitulado 'os significados encobertos no chaves', no qual venho trabalhando em algumas conferências que será postado em breve, assim que a regra supra estabelecida seja cumprida e inaugurada. o texto trata basicamente de cultura popular latino americana, habitação e sociabilidade e adianto que trará novas leituras sobre a permanência do célebre 'El Chavo' (é, é sobre o chaves aka chapolim, não o presidente) no canal do seu silvio por tantos anos e como isso foi consumido pela classe média brazuca...

satisfação,
dbis

terça-feira, 10 de junho de 2008

o que seria do Brasil sem Portugal e as padarias?

Olha só no que dá falar bem do português e das coisas boas que acontecem: 
hoje, dez d'junho,  dia de portugal, dia da morte de Camões, data nacionalista antes do 25 d'abril, foi lançada uma campanha anti-saquinhos de plástico nas padarias de SP. Parece que tem até desconto pra quem usa as sacolas recicláveis de algodão, vendidas na própria padoca.
Eu que há tempos uso e recomendo as estilosas sacolas de feiras de lona, as de ráfia das boas lojas do ramo ou as de algodão em detrimento das barulhentas e poluentes de plástico, quase chorei quando vi a matéria no telejornal prandial. já não vou mais ser tomado por estranho quando fizer questão de não levar o saquinho de plástico além do de papel nas boas padarias de bons portugueses. Se os franceses levam a baguete no sovaco, porque além do famigerado saco do papel do pão, aka brown paper bag, a gente ainda precisa da bendita sacolinha? A moça do pão me olha com cara estranha quando eu faço questão de não levar a de prástico, espero que agora ela entenda que eu sou nada mais do que um ser evoluído e ecologicamente correto. A próxima cruzada da vizinhança engajada vilamarianense será contra as bandeijinhas de isopor que acomodam as carnes e suas pocinhas de sangue. Vamos lá galera, quem não (ainda) não for vegetariano, que leve o seu próprio tâiperuére no açougue. 
Viva os portugueses, viva camões lá no céu, viva a padaria paulistana enquanto campo de experimentação das novas práticas sócio-ecológicas, enquanto meu olhar antropológico toma uma média no balcão. A terrinha tá bem na eurocopa também e vamos que vamos, ora pois!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

sobre o falar bem do português

Falar bem de alguma coisa já não é tão fácil, mas como já estou sendo tomado por rabugento vou tentar. Assim como usar maísculas e parágrafos, como manda o bom português e a audiência clama. Falar em português, o restaurante dos dois portugueses na Rua do Boticário foi hoje oficialmente provado e aprovado pela turma nova do paisandux. e não é que encontramos o delija, autor da letra, em pessoa lá ? Ót'mo, delija, estamos com você. já seria de se falar bem o restaurante dos portugueses mas não é o caso. Ia falar do Parque da Juventude, aka Carandirú demolido e transformado em uma área pública pontilhada de equipamentos. Os projetos de paisagismo e das edificações está sendo realizado em partes, ainda restam três puta presídios na área que será quem sabe um dia todo o parque.
os links pros projetos eu vou postar como comentário, que eu não tô me entendendo ainda com o meu editor, eu acho que o português sou eu, no caso. as fotos estão no flickr desde a semana passada, vejam lá e aí abaixo...
A última das partes inauguradas é a das escolas técnicas, projetos bem interessantes de alguém que nitidamente tem a nossa querida FAU como referência, parecem escolas muito legais de frequentar como aluno ou professor, o tal Centro Paula Souza. 
Tem também uma área esportiva bem frequentada, durante o feriado de porcus tristis, quadras de basquete, tênis, futiba cheias e uma pista de skate de granilite, ainda que já esburacada. o mais bacana arquitetônicamente falando é a marquise, que concentra "os serviços" (a lanchonetezinha e uns banheiros meio casa cor) e divide  a área esportiva e a parte mais "aberta"  do parque, pra lá do riozinho nojento que corre ali. entre eles, uns restos de muralhas pelas quais você caminha por cima de hk depois de subir por lindas estruturas miesianas de aço cortén com passagens, acessos e escadas generosos entre as árvores.
depois de uns morrinhos que dizem que seriam feitos de entulho dos pavilhões do antigo presídio, tem os prédios das fatec, o Centro Paula Souza, já arrodeando a volta no parque. os prédios tinindo de novos parecem completamente vazios, cheios de espaço. tomara que sejam bem ocupados.
fico pensando no rolê do sujeito que puxou uns anos ali nos velhos pavilhões com a família no domingo. só a sensação de liberdade no mesmo espaço que antes o oprimia deve valer um bocado, não tem preço.
Temos todos de ir lá mais vezes e mais domingos encontrar com quem o usará e se apropriar dos (ainda poucos) novos espaços públicos conquistados contra a cidade do K. 
Superado o efeito poltergeist com reza braba, não há como negar que é uma idéia mais generosa de (re) educação, que tem de ser encampada por gente legal que acredita que isso tá na base de um Brasil mais bacana. Eu acredito. (olhaí como o português aqui consegue falar bem das coisas e não ser rabugento!) 
 

domingo, 25 de maio de 2008

aponte

ainda no último domingo, a inoportunidade começou com a tal da ponte, na verdade. como é que se pode achar uma coisa daquelas bonita?a última coisa que alguém pode dizer depois de olhar praquilo é "bonito isso". Estranho, perverso, peçonhento e cancerígeno, tô com o delija e não abro. depois neguinho se surpreende em descobrir que a cidade vai parar no meio de tanto trânsito, que é o produto mais coletivo que essa cidade produz. se no Rio a praia fica cheia num fim de tarde luminoso e no Recife as ruas aglomeram as multidões cotidiana e usualmente, o negócio da turma aqui é trânsito. aquele mar de luzinhas vermelhas e brancas no vale do itororó, isso é que é bonito.
bonito pra quem? pra quem passa de carro no meio daqueles fiozinhos todos? ou pra quem pára de carro no meio daqueles fiozinhos todos e sente a coisa balançando... não duvido que o sujeito ali da favela mais próxima (e bota próxima) ache bonito. afinal de contas, esse fato da ponte pode significar que ele receba um troco, bem menos do que quanto custa cada um daqueles fiozinhos pra arrastar-se junto com a "crosta de mucambos" (como diria o josué) pra longe dali (como mostrou a fix).
parece que toda cidade global agora tem de ter ponte estaiada pra ser levada a sério. macaquice dos diabos. pregador de roupas que expressa bem o que essa cidade é e sempre foi. uma encruzilhada de caminhos de pessoas e famílias que vem pra cá em algum momento de suas histórias com algum objetivo fixo, que seja "melhorar de vida", sei lá o que é isso. o paulo prado deve ter assobiado uma interpretação bem articulada da história da cidade no ouvido do le corbusier pro cara se sair assim com aquele projeto-viaduto- edifícios em cruz pra são paulo... e o dele todo mundo achou um absurdo, ficaram ofendidíssimos. agora a ponte acham bonito, ninguém se ofende (tirando o delija, eu e mais uma meia dúzia)... aquilo é um monumento pro|do trânsito, espetacularização de uma pseudo ousadia estrutural inadequada, malabarismo desnecessário para um vãozinho mixuruca, pastiche de golden-gate calatrava degenerado...
o nome da ponte acabou saindo adequado, O. Frias, que acumulou seu rico dinheirinho promovendo jóias da arquitetura moderna como o copan e o montreal vendendo kitchenette pra classe média investir e montou o mega império das comunicações da folha com o trocado batizando o império do Marinho transmitindo ao vivo diretamente de sp pra você. tudo a ver.
agora, achar bonito e pronto é o fim da picada.



terça-feira, 20 de maio de 2008

críticaacrítica

apesar do risco que é o sujeito inaugurar um blogue e depois descontinuar a bloguice, considerando que tudo o que é virtual demanda ainda um esforço real, criei o meu próprio blogue para parar de repetir em festas e outros ambientes inoportunos, as minhas opiniões inoportunas sobre uma série de coisas inoportunas que acontecem por aí.
ter um blog é muito mais interessante do que ficar repetindo a ladainha 
e ser tomado por chato. vamos ver no que dá. me perdôem a chatice e uma certa inspiração Nelson Rodriguiana excessiva, estou ainda vivamente impressionado com a leitura do "Óbvio ululante", em edição estilosinha para ser digerida em lugares oportunos como a praia com um sorriso irônico no rosto. taí um cara que soube como ninguém ser inoportuno. precisa de um baita oportunismo para sê-lo, mas a cariocada ajuda.

O primeiro assunto que me ocorre antes que fique frio, falar em oportunismo é a recém realizada virada cultural, objeto de meus ataques no almoço de domingo. Eu sei que sôo (?) chato ao dizê-lo, mas acho que essa história é uma bobagem enorme... porquê? primeiro cumpre esclarecer que o que eu acho bacana dela é o uso inusitado que a população faz da cidade nessas 24 hs. pretexto pra muita gente que sequer sabe onde a xavier de toledo faz a curva ver e perceber as qualidades do centro, situação construída para o encontro (e contato, inclusive físico e bem de perto) de classes sociais diferentes e de gente de outros recantos dessa metrópole. até aí muito bacana, divertido, inusitado, algo vagamente "reclaim the streets".
Mas... tentando acompanhar a programação, só se conseguia ver o fim de cada um dos shows e longos intervalos técnicos, donde aflora a questão: se é pra ter shows, porque não fazê-los espalhados ao longo do ano, como eram os finados shows da praça da paz do ibirapuera ou os lendários shows no Anhangabaú realizados durante a gestão da Erundina? Porque pegar a verba, seja lá donde ela venha, de uma secretaria de cultura e gastar tudo num dia só? antes que alguém me esfregue o óbvio ululante na cara, eu mesmo o farei: muito melhor do que ter uma programação constante e consequente é torrar toda a grana num evento midiático pacas, partindo da consagrada macaquice brasileira de copiar algo que funciona no estrangeiro. as tais noites brancas parisienses, até onde sei e até onde a prima Cláudia me informa, surgiram para abrir as portas dos serviços públicos parisienses (isso inclui museus, centros culturais, piscinas públicas e equipamentos esportivos, além das repartições) à população que não podia frequentá-los ou conhecê-los nos horários habituais, colocando inclusive os dirigentes e funcionários ali em contato direto com a população. Numa dessas o prefeito de Paris tomou uma facada de um árabe doido. Será que o Kassab tava lá no meio do povo, se apertando as três da manhã pra ver o já amanhecido show dos Mutantes?
Quero dizer com tudo isso para a gente ter cuidado na hora de aplaudir e achar isso tudo o máximo porque em termos de política pública para cultura, isso é um tremendo desastre. não é fácil dizê-lo, os artistas que fizeram shows memoráveis (o mais bacana foi o da Orquestra Imperial no domingão de sol) e foram contratados pela prefeitura não o dirão. a pobreza cultural (espiritual?) é tamanha que quando nos atiram umas pipocas, nós achamos o máximo. a gente se esquece de vários espaços culturais públicos sucateados, se esquece que o auditório do ibirapuera tem uma abertura pra fora pra os shows serem de graça (eu nunca vi!), se esquece da Oca ôca e do que fizeram com os nossos queridos CEUs.
O companheiro blogueiro Andrei me alertou que vai ter o Herbie Hancock no parque Villa Lobos dia 1 de junho, as 15:00hs. é claro que eu estarei lá, mas nem por isso deixo de dar aqui o meu recado: seu Kassab, vá tomar banho na soda (soda cáustica, pra quem não entendeu o antigo complemento do dito popular. não é soda limonada não)